sexta-feira, 19 de março de 2010

Minha Infância na Praia Grande

Por volta dos meus 10 anos de idade, morei em alguns lugares do litoral paulista. As lembranças de hoje, me levam à Praia Grande, onde eu brincava livremente pelas ruas cobertas de areia.
Lembro-me que havia um grupo de garotos ao qual me juntei, que perambulava pelas feiras empurrando um carrinho construído com uma carcaça de geladeira e rodas de bicicleta ou ainda puxando um desses carrinhos de feira. Fazíamos "carreto" para as donas de casa que faziam suas compras. Meus companheiros faziam esses carretos pela necessidade de conseguir alguns trocados, porém, não deixavam de se divertir tanto quanto eu, que o fazia como se estivesse participando de uma brincadeira. No final do dia, juntávamos o dinheiro ganho e parte desse dinheiro era gasto com balas e doces; minha mãe sempre ficava intrigada querendo saber de que forma eu conseguia doces!
Outra brincadeira que gostávamos de fazer era dar cambalhotas em cima de uma montanha de areia que existia numa loja que vendia materiais de construção; tínhamos acesso fácil porque não haviam cercas ou muro nos impedindo. Mas certamente os donos não ficavam nada felizes ao encontrar os montes de areia praticamente espalhados pela rua.
Pegar "rabeira" em caminhões que passavam pela avenida principal, era outro "esporte" praticado por nós... Ficávamos esperando próximo a uma lombada, quando o caminhão era obrigado a diminuir sua velocidade, e seguíamos numa disputa pra ver quem conseguia chegar mais longe na carona!
Mas a brincadeira mais divertida acontecia nos finais de semana, quando tínhamos acesso à escola, pois éramos amigos do filho do caseiro; e vizinho à escola, existia um depósito de canos da Sabesp, que é semelhante ao DAAE aqui em Araraquara. Pois bem; pulávamos o muro da escola e invadíamos o depósito para brincar de "pega-pega" ou "polícia e ladrão" em cima dos canos de cerâmica e cimento que ficavam empilhados, formando um verdadeiro parque de diversões para nós. Lembro-me que numa das vezes, enquanto eu escalava uma pilha de canos, deixei cair algumas peças que por azar abrigavam um cacho de marimbondos. Era moleque pra tudo quanto é lado correndo pra se livrar dos marimbondos. Isso me rendeu uma picada dolorida na orelha! hehehe...
Outra coisa que me lembro, é que próximo ao muro que dividia a escola do depósito, havia uma árvore com um galho "perfeito" para nos pendurar e balançar. Porém, para alcançarmos o galho, era necessário um salto a partir do muro. E por eu ser um pouco medroso naquela época (talvez eu o seja até hoje!) hesitava para saltar. Certa vez, meus amigos, numa tentativa de me encorajar, me deram um "empurrãozinho" que somado ao meu impulso, resultaram numa força exagerada... consegui agarrar o galho, mas minha pernas passaram do ponto de balanço e foram arremessadas para o alto. Nessa hora soltei minha mãos do galho e fui ao chão, de costas. Alguns garotos que estavam presentes, se desesperaram quando viram que eu não conseguia respirar e fugiram para suas casas. Meus amigos, correram em meu auxílio, me ajudando a levantar e me acalmar, mas eu ainda não conseguia respirar e quase entrei em pânico também. Passado alguns instantes, minha respiração foi voltando ao normal; não sei quanto tempo fiquei sem conseguir respirar, mas me pareceu uma eternidade!
E se pensam que essas adversidades me traumatizaram, enganam-se; pois no fim de semana seguinte, lá estávamos para repetir as brincadeiras.
Atualmente, visito a Praia Grande no começo de dezembro todos os anos para os festejos em homenagem a Iemanjá, e apesar da paisagem da cidade estar muito mudada, tento reconhecer os lugares que me trazem tão boas lembranças desse período de minha infância. (Bons tempos!!!).

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