Brincando no 'Google Earth' por esses dias, relembrei os bons tempos em que morei em São Vicente na divisa do bairro José Menino com o bairro Itararé. Procurei pelo prédio onde vivi muita coisa bacana.
Era um edifício de quitinetes (somente quarto, banheiro e uma cozinha que era no corredor de entrada). Mas o apartamento em que morávamos era destinado ao zelador e ficava na cobertura do prédio que tinha 15 andares. Tinha um banheiro grande, a cozinha pequenina igual aos outros apartamentos; porém tinha uma sala razoável, um quarto que meu pai dividiu em dois com uma cortina, e uma área que ocupava toda a frente do prédio; haviam janelas que davam vista pro mar e janelas nas laterais do edificio.
Eu e minha irmã tínhamos poucos amigos; me lembro da Leilane, que tinha o apelido de "Biju" e morava no mesmo prédio que eu; e das irmãs Ana e Paula, filhas da Sra. Iver, que moravam num outro prédio próximo.
Eu tinha uns 6 anos de idade aproximadamente, e ficávamos o tempo inteiro no apartamento. Por esse motivo, exercitamos nossa criatividade para nos divertir.
A gente brincava de parque de diversões: minha irmã sentava em cima de um tapete e eu a puxava fazendo derrapar ou capotar (esse era o nosso "tromba-tromba"). O carrinho da montanha-russa era a bacia de roupas de minha mãe; minha irmã entrava nela e eu simulava as descidas e subidas do carrinho, tombando a bacia de um lado pro outro; às vezes, para tornar a brincadeira um pouco mais real, eu colocava a bacia em cima de uma banqueta, minha irmã entrava nela, eu colocava duas vassouras de modo a formar o trilho e então eu empurrava a bacia "trilho" abaixo... hehehe!
Montávamos "cabana" com as cadeiras da cozinha e com os lençóis, ou ainda transformávamos nosso beliche numa "casa".
Dava até pra andar de bicicleta e apostar corrida nesta área do apartamento!
Na época do carnaval, minha mãe tinha umas idéias de "jerico" do tipo: encher bexigas com água e jogar pela janela no povo lá embaixo. A gente adorava fazer isso.. hihihi...
Quando meus parentes vinham nos visitar, a gente ia bem cedo pra praia e um deles ficava pra fazer o almoço; quando o "rango" ficava pronto, pendurava uma toalha na janela e lá da praia avistávamos o "sinal" pra voltarmos ao apartamento e almoçar. Outra coisa bacana, era o parque de diversões que tinha na areia da praia. Era um parque grande, com pista de kart, "foguetes" do tipo que ficam girando e você controla a altura através de uma alavanca, "bicho-da-seda", trem fantasma, e outros... Mas a grande atração do parque, era o show de focas e golfinhos comandados pelo treinador Aroldo. Da janela do nosso apartamento, dava pra ver os golfinhos pulando ao comando do treinador. Hoje este parque não existe mais, e o local virou um grande calçadão na orla da praia.
Dessa época, guardo uma lembrança triste (eu tinha sete anos): após testemunhar uma discussão entre meus pais, escrevi um bilhete dizendo que não queria mais vê-los brigar e por isso ia embora. Coloquei o bilhete na mesa ao alcance de meu pai, peguei minha "mochila" da escola, e saí de pijama em direção ao elevador. Minha mãe me alcançou antes que o elevador chegasse. Agora, pensemos cá entre nós: qual criança diz que vai embora e sai carregando o material da escola? rsrs...
E por fim, acordei num belo domingo, fui para a sala ligar a televisão, e me deparei com a laje da sala no chão. Corri chamar meu pai: "- Pai! Pai! O teto caiu!!!"
"- Ô meu filho! Deixa eu dormir!!" disse ele.
"- Mas Pai!! O teto da sala caiu!!", insisti.
"- Não enche, André!! Hoje é domingo, deixa eu dormir!!"
Mesmo depois de minha mãe ir conferir, ele demorou a acreditar que realmente o "teto" da sala havia caido. O apartamento estava infestado por cupins e de alguma forma contribuiu para que isso acontecesse. Hoje, agradeço a Deus porque foi na sala, mas poderia ter acontecido no quarto, e teria sido uma tragédia com toda a família que estava dormindo.
O Sr. Caetano, que era o zelador, achou que estávamos reformando o apartamento quando nos viu carregando de carriola todo o entulho.
Acredito que por esse motivo nos mudamos de lá, e ainda me lembro de outro apartamento que morei ali próximo, onde uma panela de pressão explodiu. O teto ficou 'pintado' de feijão e me lembro de meu pai tentando 'arrumar' o fogão com arame (será que foi dele que herdei essa minha habilidade pra gambiarras??? hehehe... ).
Ahhh... se tiverem curiosidade, digitem no Google Earth, as coordenadas para este local de minha infância:
23 58' 3.89"S, 46 21' 27.85"W - DIVIRTAM-SE!!!